30 de outubro de 2010

Reinvento-me


Acho humanamente normal quem se transforma sem perder sua essência e não se limita, mas que sabe a hora de parar. Ora, se até a lagarta se deixa transformar numa borboleta na esperança de amadurecer, porque nós seres racionais temos esse receio bobo de tentar ser sempre da mesma forma?

Reinvento-me porque pensar do mesmo jeito o tempo todo, não me torna mais certa, não me deixa mais madura, nem me faz ser mais eu. Reinvento-me sem mudar o meu eixo, posso até mudar os fatores, mas o produto é sempre o mesmo. Então mudo, troco de posição os meus sentidos e se para Descartes eu penso, logo existo... Se mudo, então eu vivo.

Reinvento-me porque um dia caí na besteira
de querer ser sempre a mesma e me vi mais quadrada do que nunca. Se tudo muda o tempo todo, qual a vantagem de ser sempre igual? Sou uma espécie em evolução... Ora choro, ora canto, ora sou, ora nem sou mais tanto quanto era.

Eu me dou o direito de mudar e ai de quem não me acompanha! Eu danço conforme a música, eu jogo e então eu vivo. A vida quando deixa de ser vivida e passa apenas a ser existência, me dá um certo arrepio. É pedir demais para mim, voar sempre os mesmos voos... O céu é livre, voe mais, arrisque mais.
(Vanda Ferreira)

29 de junho de 2010

Aqui dentro


Olha, deixa eu te falar uma coisa. Está vendo aquela porta ali? Talvez do outro lado você encontre novos sonhos, melhores que essa realidade que vive. Pode, quem sabe, esbarrar com uma nova pessoa, pode ter um novo desejo. Talvez você encontre grandes decepções e até mesmo o arrependimento de ter saído por aquela porta ali. São tudo hipóteses. Eu não sei, você não sabe.

A única certeza que posso te dar, é que se você ficar aqui e esquecer aquela porta, você vai encontrar em mim tudo o que falta em você e eu vou te amar a cada dia, do mesmo jeito ou um pouco mais. Caso você fique, pouco importa se amanhã vai chover, se vai fazer sol, o que importa é que vamos estar juntos.

E eu não vou dizer que vai ser fácil, porque não vai. Vai ter dias que você vai chorar de medo, a gente vai brigar... Vai ter hora que eu não vou conseguir entender o que você diz e você também não vai querer parar para explicar. Então vamos nos olhar por alguns segundos, segundos suficiente para você entender que são essas diferenças que nos unem e que por mais contraditório que seja é o meu "não", quando você insiste em dizer "sim", que você mais queria ouvir.

Mas olha, se você ficar aqui e esquecer aquela porta, eu te prometo que vai ser pra sempre.
(Vanda Ferreira)

17 de junho de 2010

Tudo tem o seu tempo


Há tempo de ser grande, tempo de ser pequeno, tempo de ser muito ou nada. Há tempo de viver sonhos, tempo de fitar a realidade. Há tempo de ser criança e tempo de ser adulto. Entenderam? Há tempo de ser criança e tempo de ser adulto.


Hoje o que mais vejo são crianças brincando de serem adultos e pais que batem palmas e acham graça dessa situação. A consequência disso se mostra no futuro quando estes se tornam adultos e acham que podem voltar a serem crianças.

Eu fico me perguntando: onde foi parar a inocência? Qual a graça de sorrisos manchados de batom vermelho, de cabelos pintados? Qual a graça de ser adulto aos 10 anos de idade? Esse estereótipo de meninas usando saias curtas, salto alto, meninos que se acham "badboys" e pré adolescentes que ainda não sabem nem o que é sexo escolhendo que lado seguir. Pisar demais no acelerador é arriscado quando não se sabe o que vem pela frente. É preciso frear vez ou outra, para visualizarmos o melhor caminho a ser percorrido.

A vida é feita de etapas. Tudo tem o seu tempo, a sua hora, o seu lugar. O momento certo existe, não pensem o contrário. Não queiram antecipar nada, pular fases, crescer mais do que deve e nem se infantilizar demais. Voltar no tempo? Quem dera... Então, pra que acelerar as coisas?

Entendam que cada idade é para ser vivida, apreciada, curtida... Não para ser evitada.
(Vanda Ferreira)

8 de junho de 2010

Identidade escrita


Tem horas que não sei porque escrevo, ou para quem escrevo. Se descrevo o que sei, se descrevo o que vejo. Mas quando dou por mim, já estou novamente tentando rabiscar as primeiras frases. Vício? Talvez.

A verdade é que andei um tempo afastada de toda essa escrita, de todo esse mundo de frases e contextos. Eu me permiti esquecer por alguns instantes o "bê-a-bá" para que pudesse entender certas coisas.

Hoje não vestirei nenhuma ideologia de vida, nem os meus suspiros serão de sonhos. Hoje, eu vim despida de qualquer tema, para mostrar o motivo principal deste espaço que muitos chamam de Blog, eu já o chamo de lar.


Ainda não tinha me dado conta do quanto esse espaço move pensamentos, tira de dentro de nós opiniões já adormecidas e acreditem se quiser, estas opiniões se modificam e o que ontem não era, agora é... Ou era o que não é. A única certeza que posso dar é que eu, Vanda Ferreira, não mudo ninguém.


Não será no meu texto que alguém irá se descobrir e nem que irá encontrar a solução da sua vida. Eu não encontrei a solução da minha, mesmo com tantas frases que me descrevem e exalam o meu Eu mais verdadeiro. Não será numa frase de Caio Fernando Abreu, por exemplo, que você encontrará o "quem eu sou" tão desejado para te descrever, você apenas encontrará algo que te faça chegar mais próximo de quem você é. Mas o que você é de verdade, nem a bíblia irá te dizer quem é.


Cada um tem a sua filosofia. Uns acham que para chegar mais próximo da realidade, deve-se fantasiar, criar bruxos, gente que voa e bichos que falam. Eu já parto do princípio que para enxergar a realidade eu vou direto ao ponto e falo das coisas do jeito que são. Sem inventar nomes aos sentimentos. Nada contra aqueles que curtem um boa ficção, até porque eu também gosto, mas o meu real é esse. É o aqui, o agora! Eu não vivo de contos e nunca vi um bruxo passar voando pela minha janela durante a madrugada.


Foi preciso me afastar para entender que tudo o que deixo registrado aqui é o meio mais fácil para aproximar pessoas de personalidades e de lugares diferentes, mas que tem em comum a vida, o sentimento, o cotidiano. Foi preciso me afastar de tudo e até de mim, para que eu pudesse me entender.


Eu não falo o que não sei, o que não vivo ou o que não vi. Eu sou um misto de sentimentos, o que faço é isto, descrito em algumas linhas. Alguns se identificam, outros se apegam, alguns lamentam, mas todos... todos, querendo ou não, param para pensar. Está aí, o meu objetivo
(Vanda Ferreira)

24 de maio de 2010

Felicidade utópica?


Tenho notado que as pessoas estão muito desacreditadas. No meu último texto, "Felizes para sempre", publicado neste blog, pude notar que muitos acham que "final feliz" é utopia e isso me deixou preocupada.

Meu Deus como assim? Como podem achar que a nossa realidade é um final diferente de "felicidade"? Quem foi que começou com essa ideia de que realidade não é casamento feliz, não é profissional realizado, não é uma vida feliz? Me digam, quem foi que começou com isto? Me apresentem, pois terei prazer em discordar desta pessoa.

O que me chamou atenção não foi o fato de muitos discordarem do meu texto, pois eu quero mesmo que discordem quando tiverem que discordar. O problema é que a maioria não vê um final feliz. Acha que todo relacionamento bom vai ter uma crise lá na frente e que esta crise vai ser o suficiente para cada um ir para o seu canto. Em certo ponto eu até entendo que casais terminem por isso, mas não é uma questão de generalizar.

Me chamem de sonhadora, imatura ou qualquer outro termo que se encaixe, mas não consigo ser o tipo de pessoa que desacredita em coisas que podem ser possíveis. Não sei começar nada na minha vida sem me entregar. Eu me jogo, me atiro e seja o que Deus quiser. Não acredito na frase "que seja eterno enquanto dure", pois o meu "dure", quando é pra valer, é pra sempre! Então, "que seja eterno" e isso me basta para ser feliz.

Final feliz não é utopia, é vontade, persistência e ousadia. Agora, se para alguns, ou muitos, ser normal é acreditar que a nossa realidade está longe de um final feliz, então eu prefiro continuar sendo uma "anormal utópica".
(Vanda Ferreira)

21 de maio de 2010

Felizes para sempre


E eles viveram felizes para sempre. Caramba! Eu não entendo porque toda novela, filmes e histórias infantis sempre terminam quando a mocinha diz sim para o mocinho, se o bom da história está em depois que o padre finaliza dizendo: "e eu os declaro, marido e mulher".

Quem é que não parou para pensar no depois do "sim"? No dia seguinte? Verdade seja dita...Nos pegamos sonhando acordados, imaginando em como vai ser o dia a dia, o café da manhã, o cantinho que escolhemos para começarmos a vida à dois.

Aprender a lidar com os problemas, com as diferenças, as dificuldades. Um ensinando o outro o melhor para os dois. Pensando juntos... Amando juntos. Um dia de cada vez. Ingrediente simples, massa homogênea, a melhor receita da felicidade.

Um, dois, três anos... muitos anos! Vários verões, muitos outonos. A idade vai passando, o amor aumentando e o companheirismo vai mostrando com o pôr-do-sol que mais um dia juntos foi completado e o sentimento que um tem pelo outro desde o primeiro instante em que se olharam, continua. Lindo, sincero, profundo.


Eu quero um amor para envelhecer comigo. Eu quero que valha a pena e que no final eu possa dizer sem sombra de dúvidas que nós vivemos e vamos continuar vivendo felizes para sempre. Um amor, uma aliança e um pedido no final do dia.
(Vanda Ferreira)

19 de maio de 2010

Simples detalhes


São coisas pequenas, simples... meros detalhes. O que buscamos para as nossas vidas não estão em tesouros, presentes caros. Queremos é a simplicidade.

E que seja simples se for sincero. Um sorriso escondido na timidez ou até um pedaço de papel amassado. Tanto faz, tudo o que seja simples mas que provoque explosões de sentimentos.

Não importa o tamanho, a quantidade, o preço... Não precisa embrulhar para presente. Os detalhes que ficam eternizados são os abraços acompanhados do beijo. Amizades que geram confiança... E esta saudade que fica no gosto do café da manhã.

O jeito mais delicado, a palavra que nos apoia, são estes que fazem cada dia valer a pena. E Que seja doce, mesmo se for amargo e leve, mesmo se complicado. Mas que sejam apenas simples detalhes.

No final, a gente aprende que as melhores coisas, as que realmente nos marcam para sempre estão na simplicidade.
(Vanda Ferreira)

17 de maio de 2010

Ensaiando passos


Desde pequena eu venho ensaiando estes passos, rabisco alguns caminhos, traço alguns planos. Coloco o primeiro pé na frente, logo após eu faço o mesmo com o outro e levo comigo apenas a minha memória, um caderninho, um lápis e a minha boa e velha visão.

Tarefa difícil essa de andar. Fraquejei em alguns momentos, dei uma olhada disfarçada para trás por alguns minutos, passou pela minha cabeça voltar para onde eu estava, mas o vento das boas novas balançou os meus cabelos e mostrou que o caminho é para frente, reto e sem curvas.

Encontrei pessoas, lugares, sensações novas. Tive certeza de que ia esquecer que cheguei até ali sozinha... Realmente eu esqueci. Acabei depositando todo o meu esforço feito para chegar até onde cheguei em pegadas que não eram minhas. Fui marcada e marquei alguns sorrisos, outras vezes a lágrima veio me fazer companhia, mas eu não desisti... Retomei o meu caminho e segui. Eu, eu mesma e estes passos.

A tempestade no decorrer do percurso se fez presente, me derrubou algumas vezes, retardou a minha caminhada. Em alguns obstáculos eu caí e tive medo de continuar. Outros apenas me fizeram sentar e perder as esperanças de prosseguir, mas levantei e fui.

O que importa realmente não é para onde você vai, com quem você vai e o que vai encontrar no caminho. O importante é que você precisa ir, independente de qualquer coisa, ficar parado no mesmo lugar não é solução para nada. O caminho somos nós quem traçamos, o que levamos de cada pessoa somos nós quem escolhemos e parar nos obstáculos somos nós quem decidimos.

Eu não sei quando comecei a dar os meus passos, mas eu fui e continuo indo. O que eu vou encontrar mais na frente eu não sei, mas sei que nada vai me parar.
(Vanda Ferreira)

14 de maio de 2010

Despindo a insegurança


Eu não sei como, mas eu mudo. Oscilo entre essa mulher madura que te escreve e essa menina insegura que não sabe se te entrega a carta. Tem vezes que sou ela e outras que sou somente esta, mas que no fundo não sabe se é... se foi.

Eu não vou dizer que não acredito em você, porque acredito. Mas a minha insegurança não me deixa dar passos longos até a sua verdade. Então eu vou me encolhendo no canto do quarto entre a cama e o abajur... Vou me perdendo.

E não me basta ter somente a certeza do que eu sinto, se para ser por completo eu tenho que ter certeza do que você sente também. Talvez você já até tenha perdido as contas de quantas vezes me olhou nos olhos e disse o que eu sou pra você, mas eu ainda preciso ouvir.

Que seja tudo de novo, as mesmas frases, os mesmos textos, que seja simples, direto e que toque cada parte do meu corpo. Uma, duas, três vezes... Não importa! Apenas diga que nada mudou e me dê a certeza de que eu sou quem você tanto procurou.

Quem sabe no final de cada linha eu já tenha deixado de ser essa menina tão tola e insegura, que sente medo, que chora e que sente falta há todo momento... Quem sabe essa menina já tenha voltado a ser novamente a mulher madura que vai abrir a porta, colocar um sorriso no rosto e ao te abraçar vai despedindo-se lentamente da insegurança... Quem sabe? Eu sei.
(Vanda Ferreira)

12 de maio de 2010

Aceita


Eu falo alto para que você me note e faço das minhas roupas um motivo para você não tirar os olhos de mim. Eu danço, eu canto e fico louca com o seu andar. Ai, como eu quero que você repare em mim!


Já fiz aposta, já andei falando de você para uns amigos em comum, peguei seu telefone. Te liguei algumas vezes no final da tarde, mas desliguei, não tive coragem...É, era eu sim, agora você já sabe. Nos esbarramos algumas vezes nessas tantas boates do Rio e não foi coincidência, eu sabia que você estaria naquele lugar.

E se você quiser eu mudo o meu cabelo, eu largo esse drinque e vou ao seu encontro. Mas se você vier eu deixo tudo pronto, eu faço e até falo coisas boas para você ouvir. Só não venha com esse papo de que é tarde, porque eu não aceito "não". E te prometo que eu faço diferente, eu começo me apresentando e depois você sorri.

Não precisa falar, se não tiver a fim, basta apenas vir comigo. Então, e só dizer que sim e vem... Vem viver isso comigo.
(Vanda Ferreira)

10 de maio de 2010

Tudo o que não me convém


Eu não quero mais os mesmos erros, to doando os meus medos e pode ficar com a bolsa, ali em cima da cama, se você quiser. Os meus defeitos eu guardei naquela caixa amarela, mas não vou jogar tudo fora... Posso precisar de alguns futuramente.

Tirei todos os livros empoeirados da estante e deixei apenas Marthas, Clarices e Machados. No meu rádio ultimamente só tem tocado Paralamas, mas estou pensando em trocar... Quem sabe um Capital.

Os sapatos já gastos com o tempo, coloquei juntos com a minha insegurança, decepções, frustrações e algumas vaidades... Não todas. Preservei os meus cadernos, rasguei apenas duas ou três páginas, coisa boba, mas que já não fazem falta.

Aquelas mentiras que eu andei colecionando, já não me pertencem. Cansei, definitivamente cansei de guardar tudo o que não me faz bem. Eu vou jogar tudo fora. Tudo o que não vale a pena.

E quem sabe hoje a noite eu coloque o meu vestido mais bonito, a maquiagem mais sensual e fique por aqui mesmo... Sentada no sofá, tomando um bom vinho e celebrando essa nova fase. Eu vou fazer acontecer... Então, por favor, não estrague o meu dia.
(Vanda Ferreira)

7 de maio de 2010

Se for pra ficar


Se for pra ficar que seja inteiro, da forma mais simples, do jeito mais gostoso. Eu não quero um romance de novela, um "Romeu e Julieta", mas quero que seja sincero. Nada de perfeição do meu lado, eu não sou perfeita. Então que venha com erros, defeitos e uma dose de mau humor se possível.

Que some aos meus sonhos e subtraia os meus medos. Entenda que eu tenho minhas inseguranças e que você vai ter que aprender a conviver com elas. Nada de meias palavras... Que fale tudo ou que não fale nada, mas que demonstre, pois eu quero sentir.

E que tenhamos algumas brigas para quebrar a rotina, um ciúme vez ou outra para mostrar que também sente medo de me perder. Não te quero sendo forte o tempo todo, porque quero ser seu abrigo também. Mas não me peça para ter forças sempre, porque haverá dias que vou querer apenas um refúgio.

Se não sabe dançar eu ensino. Eu te ensino a dançar essa música, apenas tenha paciência e não tente me entender sempre, porque nem sempre eu vou querer ser entendida. Você nem sempre vai saber decifrar. Eu não sou decifrável. Eu vou querer ser amada, você acha que pode? Tem certeza?

Mas se não for pra ficar, se não for pra me amar, se não for para deitar ao meu lado e tecer um futuro só nosso, e se for só por hoje...apenas por hoje, se não for para sempre... Apague a luz e feche a porta.
(Vanda Ferreira)

5 de maio de 2010

A menina que vive


Alguém acorde aquela menina e diga a ela que a vida só pode ser vivida com os olhos abertos. Muitas vezes me vi como a menina que dorme. Outras vezes eu me vi como a menina que sonha. Mas no momento eu fico com a menina que vive.

Eu não sei o que me reserva lá na frente. Sinceramente não sei. Nem sei se daqui há duas horas vai chover, ou se o tempo vai permanecer como está. Eu não prevejo o futuro, apesar de tentar muitas vezes. Mas definitivamente eu não sou nenhuma Mãe Dináh... Fico me perguntando se ela previa algo.

Só sei que vivo. A cada dia eu vivo, tem dias que mais...tem dias que menos. Mas vivo! Eu gosto de conjugar verbos no presente, ainda que alguns se tornem rapidamente passado... muitos nem chegam a continuar no futuro. Mas e daí? Eu estou vivendo. Deixe-me viver.

Tem vezes que viajamos, vamos lá no futuro um pouquinho... brincamos de ser Deus por uns minutos, mas aí o telefone toca, o relógio desperta, a chaleira no fogo com água apita. Isso tudo são sinais, da vida te chamando para viver o agora. E nem se você quisesse poderia dizer que não.

Só nos resta dançar conforme a música e desejar que o que está sendo o nosso hoje, continue sendo o nosso amanhã. Quer viver? Quer ser feliz? Então, comece mudando o verbo... Eu vivo! Eu sou feliz!
(Vanda Ferreira)

3 de maio de 2010

Mãe


Eu sei que te peguei de surpresa, mesmo que você um dia tenha pedido por mim somente em pensamento. Sei que entrei na sua vida e agora nada mais será como antes. Alguns dos seus planos serão somados à dois, já outros tenho certeza de que não sairão do papel.

Fique certa de uma coisa: não será fácil! Não será fácil me ver chorar - e por eu não saber ainda me fazer entender - não será nada fácil ficar acordada de madrugada tentando solucionar o motivo dos meus choros.


Haverá dias em que você vai se perguntar se está preparada para me educar e me dar amor. Mas depois de um sorriso meu, tão inocente, tudo muda e a felicidade te acalma outra vez.


E quado eu tiver dando os primeiros passos, e quanto eu tiver dizendo a primeira palavra, e quando eu for para a primeira escola, e quanto eu encontrar o amor da minha vida, e quando eu sentir medo...Eu tenho certeza de que você estará ali, bem do meu lado, registrando e marcando todos esses momentos.


Eu vou te ensinar também, pode apostar. Vou te ensinar que apesar de ainda pequenininha eu já tenho você em minhas mãos e que quando faço birra é para te dizer: me ensine o que é certo. Eu não vou concordar com você na hora, mas entenderei mais tarde. Vou te mostrar num simples desenho rabiscado, que fiz como trabalhinho no Jardim, a se importar com as coisas mais simples.


Em algum momento eu sei que vou te magoar com alguma palavra dita numa discussão, você vai brigar comigo, eu vou ficar com raiva... vou sim. Mas o vínculo que temos é mais forte, o amor que sentimos é maior e depois de algumas horas eu já esqueci da briga... você também.


Então eu vou crescer. Vou me formar e você vai me aplaudir. Vamos chorar de alegria minutos antes do meu casamento e mais tarde você vai pular de felicidade, quando numa terça chuvosa eu te contar que você deixa de ser mãe para se tornar avó.
Mãe, obrigada por ser minha mãe.


Como é o meu primeiro texto de Maio - e lembrando que é o mês das mães - gostaria de dedicá-lo a todas as mães e parabenizá-las por todos os dias serem mães.


Em especial a minha mãe, com muito amor.
(Vanda Ferreira)

30 de abril de 2010

Cafona


O mundo anda tão moderno, tão pra frente, mas realmente não estou nem um pouco interessada em viver na moda. É um tal de Fulano pegou quinze na ultima farra, ou que Beltrano terminou com Sicrana porque este queria um relacionamento mais sério e ela apenas estava curtindo. Nada contra quem goste de viver assim, mas não é o meu perfil.

Mandar carta, expressar o que sente àquele seu amigo de anos é coisa do passado. Fala sério, meu avô fazia isso, não é mesmo? Para que dizer que ele é importante em sua vida? É escrever demais sem necessidade. O negócio agora é: "tamo junto na parceiragem". Para muitos isso basta e escutar uma frase dessas soa até melhor do que um: "você é o meu amigo de todas as horas".

Usar aquela blusinha que você sempre pegava no armário da sua mãe para sair com aquele cara lindo, é assinar a sua sentença de morte. Ela é linda, mas e daí? É cafona demais, ou melhor, impossível para você fazer uma coisa dessas. De antemão já peço desculpas à todos aqueles que tem pensamentos como esses, mas cafona é não ter a sua mãe para te emprestar aquela blusa linda. Mais cafona ainda é não querer ser, uma vez ou outra, um cafona. Para os "modernóides" de plantão eu só tenho a lamentar.

Eu quero momentos cafonas, ai eu quero! E quero dizer sem medo de ser feliz que prefiro escutar um MPB, por exemplo, a ter que escutar Funk. Desejo amigos cafonas, que não digam que "estão juntos e misturados" para mim, mas que me contem os momentos mais engraçados que passamos juntos e digam no final que sentem saudades. Quero um amor cafona, que me entregue flores, ou nem precisa de flores, mas que me fale palavras lindas de amor, por que o amor por si só, já é bem cafona...Não seria cafona de não fosse amor.

Sendo assim, posso dizer: um brinde à cafonice!
(Vanda Ferreira)

29 de abril de 2010

Armário da vida


Hoje decidi arrumar o armário da minha vida. Tirei do cabide aquela insegurança que insistia em mostrar que vestia super bem, aquele medo que fingia me esquentar de ventos que eu nem sei se existiam e joguei fora calçados de solidão que me impediam de caminhar.

Usar as mesmas roupas o tempo todo não dá. Assim como não dá viver dos mesmos medos, das mesmas inseguranças. Eu precisava comer a frase de Lya Luft que diz: "A vida é feita de perdas e ganhos e depende muito da gente sair da postura de vítima". Realmente, eu estava precisando absorver um pouco desse alto astral, porque caramba eu estava esquecendo de mim! Estava esquecendo do quanto era bom ser eu.

O problema maior é que temos a péssima mania de jogar tudo no armário de qualquer maneira e sempre que precisamos de algo ou damos um jeito de pegar o que queremos, ou deixamos pra lá e pegamos qualquer outra coisa que esteja mais à mão. O negócio é não mexermos naquela bagunça, porque se não... pronto! Cai tudo de uma vez, a porta não fecha e você, é claro, vai ter que mexer em coisas que não estava querendo nem ver.

Não adianta nada corrermos dos problemas "ad aeternum", tampouco esconder por muito tempo sentimentos. Bobagem embolarmos tudo dentro do nosso armário e achar que o quarto está arrumado. A solução é arregaçarmos nossas mangas e colocar tudo no seu devido lugar. Fácil? Não. Porém, necessário.
(Vanda Ferreira)

15 de abril de 2010

Homens


Homem é um tanto quanto complicado... E antes que pensem, não sou nem um pouco feminista. A pessoa que inventou a famosa frase de que mulher deveria vir com manual de instruções, certamente errou e errou feio.

Para entender um homem você precisa quase que ter uma graduação - e em muitos casos até uma pós-graduação - em Psicologia. Duvida? Pergunte a ele como foi o dia e a resposta que ele e todos os outros dão é a mesma: "foi normal". Há aqueles que vão um pouco mais além e dizem: "foi normal. A mesma coisa dos outros dias". E você continua com a mesma cara de "incógnita" como se não tivesse perguntado absolutamente nada e ele, por sua vez, não tivesse respondido coisa alguma. A sua pergunta continua sem resposta, a não ser que você seja daquelas chatas, como eu, que insiste em querer saber de tudo, cada detalhe até que ele aos poucos vá cedendo e conte um pouco mais do que um simples "foi bem".

Homens pensam milhares de coisas ao mesmo tempo, isto é um fato! O outro fato é que apesar de pensarem milhares de coisas, eles só executam um terço, ou até menos do que pensaram. Mas posso falar sem sombra de dúvidas que esse um terço sai com qualidade. Eles demoram a fazer qualquer coisa, desde trocar uma lâmpada que está queimada há dias, a levá-la até um restaurante que você está louca para ir há meses.

Eles são desligados, mas não fazem por maldade. Se você comentou alguma coisa com ele há quinze minutos atrás, pode ter certeza de que nesse minuto ele já não lembra mais. Irrita? E como! Irrita muito. No início a gente perde a cabeça mesmo, mas com o passar do tempo a gente vai acostumando e vendo que o jeito mesmo é respirar fundo, contar até dez - se for preciso - e repetir aquilo que você já havia falado.

Homens são vítimas! Vítimas dos nossos charmes, das nossas TPM's, das nossas depressões, dos nossos "chiliques", alguns sem motivos só para chamar atenção, outros com reais motivos... e esses, sai de baixo! Insistem em dizer que a visão deles é que está certa. Tente inverter a situação e você vai ver que a opinião dele vai mudar e que ele não vai gostar nem um pouco de ver você agindo da forma como ele agiu, mas que há um tempinho atrás ele insistia em dizer que não via nada demais.

Homens são sensíveis. Com certeza são! Até aqueles que se mostram mais frios são sensíveis. E todos... todos são românticos. Não venha me dizer que não e que tem certeza disso porque ele jamais te chamou para assistir uma comédia romântica. Isso é balela e a boba aqui é você de achar que romântico é só aquele que te manda flores. Bem, para aquelas que o namorado, ou esposo, mandam flores meus parabéns! Cultivem este homem. Mas para as outras que se acham frustradas, eu digo: parem de bobeira! Ele vai se mostrar romântico ao pegar o telefone e ligar para saber se aquela dor de cabeça que você estava reclamando pela manhã passou. Vai ser romântico quando puxar um assunto com você sobre coisas sem o menor sentido ou quando você estiver tagarelando sem parar e ele permanecer ali do seu lado, esperando você encerrar o assunto. Vai se mostrar romântico, quando implicar com você e depois que você estiver bem irritada, ele vai ser mostrar romântico ao dizer que te ama... e você, tenho certeza que não esperava por isso.

Homem ama... e como ama! Demora a se entregar de corpo, alma e coração para alguém, mas quando ama, ama mais do que pode. Fica bobo, vira menino, faz piada de qualquer coisa, acha graça, ri sozinho, sente medo, procura colo, dá colo, vira herói, protege, esquenta, ama. Ele chora e não esconde. Briga para mostrar que se importa, que sente ciúmes. Homem-menino... Menino-homem. Tão cheio de mistérios e ao mesmo tempo tão exatos. Que confusão boa, gostosa.

Quem de nós viveria sem eles?
(Vanda Ferreira)


14 de abril de 2010

Vale a pena


Todo mundo já errou com alguém, já disse coisas sem sentido, ou já fez coisas por impulso. A questão é reconhecer os erros, assumir que você também erra, que você também é humano e tem falhas. Portanto, vale a pena tentar pedir desculpas.

Eles estão brigados. Ele defende a sua opinião. Ela acha que está com a razão. No auge da briga, ambos disseram coisas sem pensar. Acabar um relacionamento por uma simples briga? Por uma simples divergência de opiniões? Nem pensar... E esquecer tudo o que conquistaram até agora e que ainda vão conquistar juntos? Vá até ele ou ela e faça as pazes! Vale a pena deixar o orgulho de lado.

Trabalho, faculdade, trânsito, contas e mais contas para pagar. Tudo isso estressa, nos tira do sério. Deixamos de ver a vida de um jeito mais divertido, tudo fica sem graça... sem cor. Nos alimentamos mal, dormimos pessimamente. Nossa que tédio! Nessas horas, vale a pena tirar um final de semana e fugir dessa correria toda.

Angústia, medo, insegurança, desconfiança. Sensações que nos deixam à flor da pele. Sem saber como agir e tudo vira uma grande tristeza. A vontade é a de ir para o quarto e ficar trancado ouvindo apenas os seus pensamentos. Vale a pena espantar todos esses sentimentos ruins com um belo sorriso.

E esticar a mão quando seu amigo estiver num momento difícil. Dar um abraço, dizer uma palavra qualquer para quebrar o silêncio. Fazer uma piada nem que seja sem graça, o que vale é fazer com que o clima melhore. Uma atitude nem que esta seja a mais simples. Vale a pena ser amigo... Ser solidário.

Vale a pena quebrar barreiras, mandar a tristeza para longe. Vale a pena dizer que ama num momento inesperado. Escrever o que sente seja para você mesmo, seja para alguém. Vale a pena... Vale muito a pena tentar ser melhor!

E você? Está esperando o que para fazer valer a pena?
(Vanda Ferreira)

13 de abril de 2010

Sem saco


O extremo da irritação bateu em minha porta e eu como uma boa menina educada, prontamente deixei entrar. Portanto, aviso aos senhores: hoje eu estou sem saco nenhum para aturar ninguém. E ninguém é "ninguém" gente chata. "Ninguém" papo sem nexo. "Ninguém" cobrança. "Ninguém" que, para mim, é um zé ninguém.

Hoje eu só quero saber de acionar o meu "status" de ausente e curtir minha ira. Eu não estou a fim de ser conselheira, estou a fim de ouvir conselhos. Não estou nem um pouco interessada em problemas, eu estou esperando solução. Não quero ter que tecer elogios, quero ser elogiar... E muito se possível. Hoje eu estou a fim de levantar meu ego e me dê licença, pois eu sou filha de Deus.

Me permito somente por um dia olhar mais para o meu umbigo e fazer mais por mim. Tem horas que cansa ficar sempre à mercê, sendo o alicerce, a super-heroína e vilã na maior parte do tempo. Nada disso! Hoje eu quero ser a mocinha da história. Quero ser salva pelo cavaleiro com sua armadura reluzente em cima do seu cavalo, vindo me salvar do castelo onde fui aprisionada por um bruxo muito malvado. Ou quem sabe um lindo buquê de flores com uma frase clichê, mas que certamente despertaria em mim maravilhosos sorrisos, dizendo: "você é linda".

Estou querendo mesmo uma boa loucura. Uma surpresa, mesmo que esta não seja tão surpresa assim. Eu quero poder querer algo que eu não esteja esperando, mas que me traga uma alegria enorme. Por que não? Eu quero mesmo! Mas se não for para trazer nada disso, se não for fazer um mimo, um carinho se quer só dessa vez... Apague a luz e feche a porta, por favor. Vou ficar por aqui curtindo o meu estresse.
(Vanda Ferreira)

11 de abril de 2010

Oito ou oitenta


Não. Eu não gosto de escrever difícil. Devoro livros de todos os tipos, leio Carlos Drummond de Andrade, por exemplo, mas nunca foi o meu forte usar palavras que possam vir a dificultar quem lê os meus textos.

Deve ser porque eu sou do tipo exata. Gosto de ir direto ao ponto em tudo, de me fazer entender logo de cara. Eu costumo dizer que só não me entende quem não quer! Minha expressão facial me entrega, o que nem sempre é bom. Copiando a famosa frase de Descartes e modificando-a só um pouquinho do "penso, logo existo" a minha fica "penso, logo falo". Pois é, eu realmente falo mais do que devo, penso mais do que necessário e sinto mais do que qualquer um desses dois juntos, ou seja, minha sinceridade é algo que não tem limite, ou melhor tem, o meu limite vai desde quando eu acordo até a hora de dormir. Nesse intervalo de tempo, se eu fosse você, sairia de perto de mim!

Gosto de escrever, adoro escrever. Para mim é mais do que uma simples terapia e está muito longe de ser apenas um prazer momentâneo. Escrevo porque em cada linha me descubro. Gosto de deixar registrado cada fala, cada pensamento, para depois ler e pensar com orgulho: "nossa, nem acredito que fui eu quem escreveu tão belas palavras". Ou com um desgosto profundo: "eu falei, pensei e escrevi isso? meu deus que horror". Faz parte. O que simplesmente não combina comigo é falar por falar, sem tocar ninguém. Eu gosto de deixar minha marca registrada de que estive ali na vida de alguém e que em algum momento eu fui muito importante ou muito ruim... Porque qualquer um que se atreva a deixar sua marca está propenso a despertar alegrias e mágoas, comigo não é diferente.


Não gosto de calor, apesar de ser carioca. Adoro um frio, mas sem chuva. Sou aquariana e isso me faz sonhar acordada. "Abençoada por deus e vascaína por natureza"... Ah, e antes que eu me esqueça, futebol é pra mulher sim! Curto um bom James Blunt no fim da noite; Adoro um bom prato de comida e detesto academia. Fissurada em sandálias e chocólatra assumida. Não suporto mentira e i-g-n-o-r-o gente falsa! Quando gosto eu gosto mesmo, sem amarras, sem pé atrás, eu me atiro, me jogo e seja o que Deus quiser. Quando não gosto eu odeio, desprezo e não duvide de mim, eu viro um bicho mesmo! Sou bem oito ou oitenta. Tenho pena de quem não sente a menor vontade em viver e acho graça de quem não sente vontade de absolutamente nada. Eu tolero até certo ponto... E meu "certo ponto" é bem curto, aviso logo! Sou ansiosa e sei que muitas vezes tiro alguém do sério.


Gosto de amar, de ser amada... Gosto do amor. Seduzir, falar, tocar... Hum, isso muito me agrada. Fazer amor numa tarde chuvosa e deitar a cabeça no peito do amado, escutando as batidas do coração. Gosto de uma amizade que me tire boas risadas. Não curto sensações mornas, nem coisas mais ou menos. Tenho mil e um defeitos que se misturam com mil e uma qualidades, dando um resultado final de dois mil e dois pensamentos e atitudes. Mas o final você já sabe: um copo com duas pedras de gelo e quatro dedos de ousadia, por favor.
(Vanda Ferreira)


10 de abril de 2010

Você



A gente se juntou! Não sei de que forma, de que jeito, nem como aconteceu. Eu fico na dúvida, não sei se eu me perdi naquele sorriso discreto ou se foi no tom da sua voz meio tímido. Sei que de uma forma ou de outra você me conquistou só de cara. Sim, eu fui fácil, fácil demais para você... e gostei de ser fácil, gostei do seu domínio, gostei de gostar de você!

E nossas diferenças são gritantes. Vai do time que torce à cor preferida. O signo eu sei que combina, li num horóscopo qualquer na internet e isso foi só mais um motivo para eu ter certeza de que é você. Temos tantos defeitos... Eu sou assim meio mandona. Você é assim meio temperamental. Nós somos totalmente geniosos. Eu sou ciumenta. Você tenta não ser... A gente foi se descobrindo.

Foi um misto de tudo. Mãos que se encontravam, bocas que se uniam, pernas se entrelaçando. Aquele seu olhar que despia e sabia exatamente o que estava passando pela minha cabeça. É, acho que foi essa a minha fraqueza e sua maior vitória. Você sabe ler cada detalhe, cada mordida no canto da boca, cada sorriso, cada andar meu. E eu sou uma tremenda boba por você!

Aquele homem que às vezes é meio menino. Me protege do frio, do escuro e ri dos meus medos. Acha graça da minha cara irritada, debocha do meu jeito meio desligada. E eu vou tendo mais certeza do quanto é bom amar você!

Você! Que me tem na mão, que fala pouco por preguiça e quando fala é com certeza. Meu herói e também meu bandido. Que faz as minhas vontades com cautela. e que não precisa se afastar nem um milímetro para eu sentir saudades. Você que eu tanto amo. Você... homem da minha vida.


Texto dedicado ao homem que faz os meus dias se tornarem os melhores.

(Vanda Ferreira)

9 de abril de 2010

Deixa levar...


Andei por um momento remoendo coisas, juntando um quebra-cabeças de imagens e falas que estavam espalhados no chão. Sabe aqueles acontecimentos, aquelas pequenas palavras que te fazem virar na cama de um lado para o outro às três e meia da madrugada? Pois é, o mesmo acontecia comigo.

De santa eu não tenho nada e por isso remoía coisas, pessoas... Ai como eu remoía! E se tivesse que fazer biquinho e fechar a cara, não tenha dúvidas que eu fazia - às vezes ainda faço - o problema meu amigo, era desfazer essa situação.

Era como se eu tivesse um baú, onde colocava ali tudo aquilo que me tirava do sério. Tenha certeza que todas as coisas e pessoas que tiravam o meu bom humor estavam ali, naquele pequeno e singelo baú imaginário que eu inventei para não esquecer de detalhe nenhum. Malvada? Quem nunca foi assim pelo menos uma vez na vida, que atire a primeira pedra!

Mas o tempo passa, as coisas mudam e um dia você para pra pensar. De um tempo pra cá, confesso que ando bem mudada quanto a isso. Peguei meu baú e joguei tudo no mar... Agora eu deixo a onda levar pra bem longe tudo aquilo que não me faz bem.


O jeito é relevar mesmo! Relevar aquela palavra dita por uma pessoa que não tem tanta importância assim pra você. Ignorar, definitivamente ignorar, tudo o que embrulha o seu estômago. Tem certas coisas, assim como tem pessoas que não vale o seu estresse, a sua palavra, a sua importância, o seu tempo! Finja que você é um teclado, meu bem, e "delete" tudo o que não lhe convém.


Acredito que só devemos dar importância mesmo, para aquilo que tenha algum significado. E por mais que tenha levado um tempinho para que eu entendesse isso, pode ter certeza que estou bem mais feliz vivendo assim. Portanto, releve mesmo e ao invés da cara feia e do biquinho, mostre aquele sorriso radiante!

Então, agora vai lá! Pegue aquele seu baú com todas as coisas que mais te tiram o sono, que mais te tiram do sério, jogue no mar e deixe... Deixe a onde levar. Ah, e não esqueça do sorriso no final!
(Vanda Ferreira)

7 de abril de 2010

Máscaras e Mascarados


Adoro festa à fantasia! Poder me vestir como eu quero, usar a máscara que me cai melhor. Sim, adoro máscaras, mas só em festa à fantasia! Detesto - detesto mesmo, literalmente - quem usa máscaras vinte e quatro horas por dia.

Tem gente que coloca sua máscara, encorpora um personagem e esquece até o que era, de onde veio, as coisas que gosta e as que não gosta. Da máscara ao mascarado. Acho lamentável ver pessoas encenando o tempo todo, mostrando ser o que nunca foi, tentando agradar a todos com uma personalidade inventada.


Gosto de gente que é gente de verdade. Que não tem cerimônia, que mostra logo de cara quem é e porque é assim. Gosto de quem sente, de quem fala, de quem grita, de quem vibra... Gosto de quem faz tudo na hora que dá vontade, sem passar por cima de segundos, terceiros ou quartos. Sem precisar fingir uma situação, sem precisar omitir para não desagradar. Desagradar? Todo mundo vai te desagradar um dia e você também irá desagradar outras pessoas um dia. É normal. Faz parte do que chamamos de "viver em sociedade" ou "divergência de opiniões". Sem máscaras, sem teatro, sem fantasias... Corpo nu!


Uma vez li em algum lugar - que não me recordo agora - um trecho de Ramakrishna e retirei a melhor parte: "Tudo que é falso, é ruim, até mesmo a roupa emprestada". Portanto, Se for para tocar, que seja na alma da maneira mais pura e mais simples. Se for entrar que seja pela porta da frente sem pretensão de ir embora levando partes da outra pessoa ou sem passar por cima. Se for para fazer parte que seja a parte inteira da história, sem invenções, sem falsas palavras, sem atitudes levianas.


Máscara? Ah, isso deixa para os fracos!
(Vanda Ferreira)

29 de março de 2010

Ela


Ela, tão menina, tão inocente
Sem saber desse mundo e dos que chamam de gente
Ela, dos olhos grandes, expressivos
De quem se encantava com tudo e pelas ruas esbanjava seu sorriso
Ela, sem malícia, desnuda das maldades
Tão tola, cheia de sonhos e vaidades
Ela, tão pequena, tão frágil
Foi aprendendo a crescer
Tropeçou em mentiras, se fortaleceu em verdades

Viu dias tão lindos escurecer
A menina virou mulher
Largou bonecas e se apegou nas responsabilidades
Aprendeu a ver o mundo de outro jeito
Descobriu dentro de si mil e um defeitos

Tão cheia de mistério, ela se transformou
Encanta, seduz, surpreende e até espanta
Ela tem gênio forte, descobriu com o tempo
Ela, aquela que ainda sorri
Que chora no quarto, que se mostra forte

Que briga, que luta, que erra e como erra

Fala demais, se entrega, ama ao pé da letra
Ela que tira alguém do sério
Descobriu que sente, que mente e que é sincera
Nos olhos grandes um lápis escuro, na boca um batom provocante
Uma roupa sensual, ela aprendeu a ser mulher
Ela que se encontra e se perde
Ela que sabe o que quer.
(Vanda Ferreira)

24 de março de 2010

Vamos nos permitir


Haverá um momento em que olharemos para trás, então veremos nossas pegadas e o quanto foi longa a nossa caminhada. Mas repito e com um certo tom de ordem que "haverá um momento" não quer dizer o tempo todo! Nostalgia? Pra quê? viver de algo que já passou, ou ficar sentado pensando em momentos que se foram, enquanto a vida ta passando? Acorda pra vida, meu filho! Levanta dessa cadeira, minha filha! A vida está lá fora te esperando pra sorrir, pra sonhar... Te esperando para fazer acontecer! Então faça!

Viver de passado? Ninguém merece! Pior do que ficar relembrando momentos é sofrer por momentos que não foram feitos, por atitudes que não foram tomadas, por palavras que não foram ditas. Se lamentar por algo que não fez? Ninguém merece mesmo!

Eu, particularmente, detesto pensar na morte da bezerra, no que comi ontem no jantar, no livro que eu deixei de comprar, no sorriso que por descuido não dei. Passado, como o nome mesmo diz, passou! O jeito é olhar pra frente e seguir a maré, ou se você quiser ousar reme contra a maré, mas reme em busca de algo que vá te despertar sensações gostosas neste momento e no futuro também, sem medo de ser feliz!

Não adianta nada ficarmos pensando no que poderia ter sido feito e não foi feito, no que poderia ter sido evitado e foi feito. O fato é que estamos aqui, hoje, vivendo consequências das nossas atitudes e das nossas faltas de atitudes de ontem. Portanto, vamos dar sequência na vida, entrar no embalo e viver!

Lulu santos em sua musica "Tempos Modernos" retrata exatamente a tudo o que eu disse: "Hoje o tempo voa amor, escorre pelas mãos mesmo sem se sentir. Não há tempo que volte amor, vamos viver tudo que há pra viver, vamos nos permitir".

Vamos nos permitir viver. Vamos nos permitir acertar e porque não nos permitir errar? Vamos nos permitir falar as coisas sem medo e nos calar quando acharmos necessário. Vamos nos permitir seguir adiante, pois não há tempo que volte.
(Vanda Ferreira)

16 de março de 2010

Preto e branco


"Eu não sou tão triste assim, é que hoje eu estou cansada." (Clarice Lispector)


Meu mundo ultimamente vem perdendo as cores e não é que eu ache um charme filmes antigos, mas estou vendo tudo em branco e preto. Papel de vítima nunca combinou comigo, mas ando me sentindo uma menininha perdida. Um tanto cômica esta minha afirmativa, mas é verdade!

Antes estava tudo calmo e tranquilo. Até o pensamento fazia eco diante do silêncio que era, me fazendo bocejar a cada quinze minutos. De repente tudo se transformou! Eu devo ter piscado ou coçado o nariz em algum instante e quando dei por mim estava cercada de novos ares. Sim, porque não digo que isto que vem me acontecendo seja ruim, muito pelo contrário, é muito bom! Mas quem foi que disse que novidade também não assusta? Se existe esse alguém, por favor me dê a receita para acabar com o receio de dar um passo a frente, ou me diga a fórmula para que a mudança não venham de um modo tão radical... Eu não sei vocês, mas estou tendo que aprender a viver com as novas mudanças na base da pancada.

Há um tempo atrás, se alguém estivesse nessa mesma situação e me pedisse um conselho eu diria sem pensar duas vezes: Se feche para balanço. Mas se fechar para balanço não é o suficiente, porque você vai se achar sozinho e cada vez mais perdido. Nessas horas o bom mesmo é ter com quem desabafar. Poder falar tudo o que passa pela cabeça seja ela uma verdade ou uma grande bobagem e que a outra pessoa compartilhe esses pensamentos com você. Sempre ouço alguém falando que conselho se fosse bom não se dava, se vendia, mas eu prefiro muito mais um conselho do que um silêncio. Um silêncio por si só não me diz nada. Detesto monólogo, me tira do sério falar com as paredes. Dar conselhos mostra interesse daquela pessoa que escuta atentamente a tudo o que você diz e quando você se sente perdido, qualquer coisa que quem está te escutando fale é uma luz que se acende. Receber um abraço espontâneo, uma frase dita ao acaso, um gesto... algo que venha no momento menos inesperado vale muito! O suficiente para dar forças a quem hoje se sente frágil.

Hum, frágil? Achei a palavra certa para definir como venho me sentindo. Mas parafraseando Clarice... Eu ando triste, ou melhor assustas, mas sei que é só uma nuvem escura que está passando no meu céu colorido.
(Vanda Ferreira)

2 de março de 2010

Mudar faz parte


São tantas as pessoas que usam a frase "meu jeito é esse e eu não vou mudar" como argumento para tentar defender uma atitude tomada, que já virou clichê.

Todo mundo muda e isso não é uma regra... São as consequências da vida! Tenha certeza de uma coisa: se você ainda não mudou - o que eu acredito que tenha mudado sim, apenas não notou - vai mudar!

Muda-se pela idade. Aquilo que antes era prioridade pra você como que roupa vestir para ir na festa da sua melhor amiga ou qual a melhor cantada para dar naquela menina mais linda da sua sala, já não são importantes... Afinal, você cresceu e com isso outras prioridades foram colocadas no lugar das velhas.

Por um "tombo", uma decepção é lógico que você também muda. Seja no lado profissional ou no pessoal, todo mundo muda. Se foi demitido do seu emprego, você vai tentar não cometer os mesmos erros para que o próximo trabalho seja ainda melhor. Se você se desiludiu com alguém, certamente colocou na sua cabeça, até para se sentir melhor e seguir a vida, que não vai ser tão tola a ponto de acreditar nas mesmas palavras que futuramente serão meras ilusões.

Muda o comportamento, a voz, o olhar... Até a maneira como arrumamos nosso quarto muda. Se antes sua cama estava perto do armário, hoje ela está embaixo da janela. É que você mudou e nessa mudança você aprendeu a apreciar as estrelas antes de dormir.

Por alguém que amamos é claro que a gente muda! Você com o tempo vai se modificando para se encaixar naquele relacionamento e não pense que é só você: ele também muda. As brigas servem pra mostrar onde cada um precisa mudar para que tudo se resolva, tudo fique bem. Depois de um tempo, tenha certeza que você vai parar e pensar que coisas que antes você simplesmente não tinha a menor paciência, hoje você atura... Hoje você aprendeu a conviver. Foi por ele? Por você? Não! Pelos dois.

Filho muda a gente! Ele já muda a partir do momento que os pais descobrem que ele está presente... E olha que ele é apenas uma "sementinha" que ainda não causou modificações na barriga da mamãe. Simplesmente as coisas se transformam! Há dois dias atrás você dizia que filho nem tão cedo e hoje você o deseja mais do que tudo. Se antes você não se preocupava tanto com a violência que anda o nosso mundo, a partir do momento em que você descobre que é mãe e ele pai, a preocupação de como vão educar seu filho nesta sociedade aumenta. Se preocupa com o que vai comer para que seu filho seja uma criança saudável, com seus modos, sua mentalidade muda - pais liberais? não liberais? meio termos? que dúvida!

Mudamos porque mudar é a lei natural das coisas, das pessoas. Quem diz que não muda por nada ou por ninguém das duas uma: ou está mentindo - e isto é preocupante - ou não conhece a si mesmo - e isto é lamentável.

(Vanda Ferreira)

12 de fevereiro de 2010

Medindo palavras


Quanto mede uma palavra?

Vejo sempre pessoas preocupadas em medir cintura, altura, mas não vejo pessoas preocupadas em medir palavras.

Cair de bicicleta dói. Dar uma topada com o dedo mindinho do pé na ponta do sofá machuca e muito. Agora, dizer algo sem pensar no calor de uma briga não só doi, como faz um estrago que muitas vezes não tem conserto.

Estava vendo uma entrevista que fizeram com inteligentíssimo Pedro Bial - e desculpe não ser imparcial, mas não resisto aos textos do Pedro - quando perguntaram a ele sobre o cuidado que ele tem ao escrever, ele disse: "tenho cuidado na maneira que uso minhas palavras porque já diz a frase 'palavras proferidas jamais serão recolhidas'". No português claro: muito cuidado com o que você fala.

Nós temos o péssimo defeito de descontar nossas frustrações nas pessoas mais próximas da gente. Por isso, acabamos por muitas vezes magoando e até mesmo estragando uma relação que poderia ser tão boa. Tudo por que não sabemos medir o que falamos.

Tem pessoas que fazem o contrário. Ao invés de magoar com palavras rudes, acabam usando palavras que tem um significado tão importante para agradar uma outra pessoa, sem que esta não seja importante para você.

Respondendo a pergunta que fiz inicialmente, uma palavra mede o tanto de sentimento que você impõe nela.

Sendo assim, deixo este texto como uma reflexão para todos, inclusive para mim. Vamos começar a medir o que falamos e como agimos. Dizer que depois de ler esse textinho você pretende mudar um pouco suas atitudes e o que você fala, já é um começo!
(Vanda Ferreira)