30 de outubro de 2010

Reinvento-me


Acho humanamente normal quem se transforma sem perder sua essência e não se limita, mas que sabe a hora de parar. Ora, se até a lagarta se deixa transformar numa borboleta na esperança de amadurecer, porque nós seres racionais temos esse receio bobo de tentar ser sempre da mesma forma?

Reinvento-me porque pensar do mesmo jeito o tempo todo, não me torna mais certa, não me deixa mais madura, nem me faz ser mais eu. Reinvento-me sem mudar o meu eixo, posso até mudar os fatores, mas o produto é sempre o mesmo. Então mudo, troco de posição os meus sentidos e se para Descartes eu penso, logo existo... Se mudo, então eu vivo.

Reinvento-me porque um dia caí na besteira
de querer ser sempre a mesma e me vi mais quadrada do que nunca. Se tudo muda o tempo todo, qual a vantagem de ser sempre igual? Sou uma espécie em evolução... Ora choro, ora canto, ora sou, ora nem sou mais tanto quanto era.

Eu me dou o direito de mudar e ai de quem não me acompanha! Eu danço conforme a música, eu jogo e então eu vivo. A vida quando deixa de ser vivida e passa apenas a ser existência, me dá um certo arrepio. É pedir demais para mim, voar sempre os mesmos voos... O céu é livre, voe mais, arrisque mais.
(Vanda Ferreira)